Neste fim de semana em que a Igreja celebra liturgicamente a
Ascensão do Senhor, também é celebrado o Dia Mundial das Comunicações. Tal data
foi uma proposta conciliar, através do decreto Inter Mirifica.
Aqui na paróquia, a Pastoral da Comunicação é um grupo de
jovens dedicados que fazem a atualização constante da página da Paróquia no
Facebook, o registro fotográfico dos momentos marcantes da vida comunitária;
ultimamente tem contribuído com matérias para a atualização do site da Diocese
de Campanha; de maneira ainda embrionária a PASCOM tem feito uso do Whats App para alguma divulgação, e
estamos iniciando mais este canal: o blog da paróquia.
Contamos com a sua ajuda de duas maneiras: contribuindo com
sugestões para desenvolvermos temas aqui; e, sobretudo, contamos com suas
orações para perseveramos na caminhada.
Para o dia mundial das comunicações, o papa sempre divulga
uma mensagem para reflexão. Esse ano, o tema da mensagem está ligado com o Ano
da Misericórdia. Você pode ler o texto do papa na íntegra logo abaixo.
MENSAGEM
DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO
PARA O 50º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
PARA O 50º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
«Comunicação
e Misericórdia: um encontro fecundo»
[8 de
Maio de 2016]
Queridos irmãos e irmãs!
O Ano Santo da Misericórdia
convida-nos a reflectir sobre a relação entre a comunicação e a misericórdia.
Com efeito a Igreja unida a Cristo, encarnação viva de Deus Misericordioso, é
chamada a viver a misericórdia como traço característico de todo o seu ser e
agir. Aquilo que dizemos e o modo como o dizemos, cada palavra e cada gesto
deveria poder expressar a compaixão, a ternura e o perdão de Deus para todos. O
amor, por sua natureza, é comunicação: leva a abrir-se, não se isolando. E, se
o nosso coração e os nossos gestos forem animados pela caridade, pelo amor
divino, a nossa comunicação será portadora da força de Deus.
Como filhos de Deus, somos
chamados a comunicar com todos, sem exclusão. Particularmente próprio da
linguagem e das acções da Igreja é transmitir misericórdia, para tocar o
coração das pessoas e sustentá-las no caminho rumo à plenitude daquela vida que
Jesus Cristo, enviado pelo Pai, veio trazer a todos. Trata-se de acolher em nós
mesmos e irradiar ao nosso redor o calor materno da Igreja, para que Jesus seja
conhecido e amado; aquele calor que dá substância às palavras da fé e acende,
na pregação e no testemunho, a «centelha» que os vivifica.
A comunicação tem o poder de
criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a
sociedade. Como é bom ver pessoas esforçando-se por escolher cuidadosamente
palavras e gestos para superar as incompreensões, curar a memória ferida e
construir paz e harmonia. As palavras podem construir pontes entre as pessoas,
as famílias, os grupos sociais, os povos. E isto acontece tanto no ambiente
físico como no digital. Assim, palavras e acções hão-de ser tais que nos ajudem
a sair dos círculos viciosos de condenações e vinganças que mantêm prisioneiros
os indivíduos e as nações, expressando-se através de mensagens de ódio. Ao
contrário, a palavra do cristão visa fazer crescer a comunhão e, mesmo quando
deve com firmeza condenar o mal, procura não romper jamais o relacionamento e a
comunicação.
Por isso, queria convidar todas
as pessoas de boa vontade a redescobrirem o poder que a misericórdia tem de
curar as relações dilaceradas e restaurar a paz e a harmonia entre as famílias
e nas comunidades. Todos nós sabemos como velhas feridas e prolongados
ressentimentos podem aprisionar as pessoas, impedindo-as de comunicar e
reconciliar-se. E isto aplica-se também às relações entre os povos. Em todos
estes casos, a misericórdia é capaz de implementar um novo modo de falar e
dialogar, como se exprimiu muito eloquentemente Shakespeare: «A misericórdia
não é uma obrigação. Desce do céu como o refrigério da chuva sobre a terra. É
uma dupla bênção: abençoa quem a dá e quem a recebe» (O mercador de Veneza,
Acto IV, Cena I).
É desejável que também a
linguagem da política e da diplomacia se deixe inspirar pela misericórdia, que
nunca dá nada por perdido. Faço apelo sobretudo àqueles que têm
responsabilidades institucionais, políticas e de formação da opinião pública,
para que estejam sempre vigilantes sobre o modo como se exprimem a respeito de
quem pensa ou age de forma diferente e ainda de quem possa ter errado. É fácil
ceder à tentação de explorar tais situações e, assim, alimentar as chamas da
desconfiança, do medo, do ódio. Pelo contrário, é preciso coragem para orientar
as pessoas em direcção a processos de reconciliação, mas é precisamente tal
audácia positiva e criativa que oferece verdadeiras soluções para conflitos
antigos e a oportunidade de realizar uma paz duradoura. «Felizes os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. (...) Felizes os pacificadores,
porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 7.9).
Como gostaria que o nosso modo
de comunicar e também o nosso serviço de pastores na Igreja nunca expressassem
o orgulho soberbo do triunfo sobre um inimigo, nem humilhassem aqueles que a
mentalidade do mundo considera perdedores e descartáveis! A misericórdia pode
ajudar a mitigar as adversidades da vida e dar calor a quantos têm conhecido
apenas a frieza do julgamento. Seja o estilo da nossa comunicação capaz de
superar a lógica que separa nitidamente os pecadores dos justos. Podemos e
devemos julgar situações de pecado – violência, corrupção, exploração, etc. –,
mas não podemos julgar as pessoas, porque só Deus pode ler profundamente no
coração delas. É nosso dever admoestar quem erra, denunciando a maldade e a
injustiça de certos comportamentos, a fim de libertar as vítimas e levantar
quem caiu. O Evangelho de João lembra-nos que «a verdade [nos] tornará livres»
(Jo 8, 32). Em última
análise, esta verdade é o próprio Cristo, cuja misericórdia repassada de
mansidão constitui a medida do nosso modo de anunciar a verdade e condenar a
injustiça. É nosso dever principal afirmar a verdade com amor (cf. Ef 4, 15). Só palavras pronunciadas com
amor e acompanhadas por mansidão e misericórdia tocam os nossos corações de
pecadores. Palavras e gestos duros ou moralistas correm o risco de alienar
ainda mais aqueles que queríamos levar à conversão e à liberdade, reforçando o
seu sentido de negação e defesa.
Alguns pensam que uma visão da
sociedade enraizada na misericórdia seja injustificadamente idealista ou
excessivamente indulgente. Mas tentemos voltar com o pensamento às nossas
primeiras experiências de relação no seio da família. Os pais amavam-nos e
apreciavam-nos mais pelo que somos do que pelas nossas capacidades e os nossos
sucessos. Naturalmente os pais querem o melhor para os seus filhos, mas o seu
amor nunca esteve condicionado à obtenção dos objectivos. A casa paterna é o
lugar onde sempre és bem-vindo (cf. Lc 15, 11-32). Gostaria de encorajar a
todos a pensar a sociedade humana não como um espaço onde estranhos competem e
procuram prevalecer, mas antes como uma casa ou uma família onde a porta está
sempre aberta e se procura aceitar uns aos outros.
Para isso é fundamental escutar.
Comunicar significa partilhar, e a partilha exige a escuta, o acolhimento.
Escutar é muito mais do que ouvir. Ouvir diz respeito ao âmbito da informação;
escutar, ao invés, refere-se ao âmbito da comunicação e requer a proximidade. A
escuta permite-nos assumir a atitude justa, saindo da tranquila condição de
espectadores, usuários, consumidores. Escutar significa também ser capaz de
compartilhar questões e dúvidas, caminhar lado a lado, libertar-se de qualquer
presunção de omnipotência e colocar, humildemente, as próprias capacidades e
dons ao serviço do bem comum.
Escutar nunca é fácil. Às vezes
é mais cómodo fingir-se de surdo. Escutar significa prestar atenção, ter desejo
de compreender, dar valor, respeitar, guardar a palavra alheia. Na escuta,
consuma-se uma espécie de martírio, um sacrifício de nós mesmos em que se
renova o gesto sacro realizado por Moisés diante da sarça-ardente: descalçar as
sandálias na «terra santa» do encontro com o outro que me fala (cf. Ex 3, 5). Saber escutar é uma graça
imensa, é um dom que é preciso implorar e depois exercitar-se a praticá-lo.
Também e-mails, sms, redes sociais, chat podem ser formas de comunicação
plenamente humanas. Não é a tecnologia que determina se a comunicação é
autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua capacidade de fazer bom uso
dos meios ao seu dispor. As redes sociais são capazes de favorecer as relações
e promover o bem da sociedade, mas podem também levar a uma maior polarização e
divisão entre as pessoas e os grupos. O ambiente digital é uma praça, um lugar
de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão
proveitosa ou um linchamento moral. Rezo para que o Ano Jubilar, vivido na
misericórdia, «nos torne mais abertos ao diálogo, para melhor nos
conhecermos e compreendermos; elimine todas as formas de fechamento e desprezo
e expulse todas as formas de violência e discriminação» (Misericordiae Vultus, 23). Em rede, também
se constrói uma verdadeira cidadania. O acesso às redes digitais implica uma
responsabilidade pelo outro, que não vemos mas é real, tem a sua dignidade que
deve ser respeitada. A rede pode ser bem utilizada para fazer crescer uma sociedade
sadia e aberta à partilha.
A comunicação, os seus lugares e
os seus instrumentos permitiram um alargamento de horizontes para muitas
pessoas. Isto é um dom de Deus, e também uma grande responsabilidade. Gosto de
definir este poder da comunicação como «proximidade». O encontro entre a
comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade
que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa. Num mundo dividido,
fragmentado, polarizado, comunicar com misericórdia significa contribuir para a
boa, livre e solidária proximidade entre os filhos de Deus e irmãos em
humanidade.
Vaticano, 24 de Janeiro
de 2016.
Franciscus
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