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segunda-feira, 13 de junho de 2016

Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa


Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa

Conheça um pouco mais da vida do padroeiro da cidade de Campanha, sé diocesana. Dom Diamantino Prata de Carvalho, ofm, nosso bispo emérito conversou com a equipe do blog sobre alguns aspectos da vida de Santo Antônio

Santo Antônio, cujo nome de batismo é Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo, nasceu em Lisboa em 1195. Era filho de Martim (ou Martinho) de Bulhões, e de Maria Teresa Taveira. Aos 15 anos entrou no Colégio dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, onde adquiriu e aprofundou conhecimentos de teologia, filosofia e ciências.
 
Igreja de Santo Antônio em Lisboa
Essa fase na ordem agostiana foi fundamental para que Antônio adquirisse profundo conhecimento sobre a palavra de Deus. É bom pensar que estamos falando em Idade Média, época em que livros não eram objetos fáceis de serem encontrados. E a sua grande maioria estava de posse da Igreja. A reprodução de livros era feita, basicamente, por monges copistas: religiosos que viviam em mosteiros e reproduziam à mão, os mais diversos livros.

Ao ver os frades mendicantes de São Francisco, foi tocado por aquela espiritualidade. Deixou a ordem de agostiana e ingressou na ordem franciscana, em 1220. Fernando trocou de nome: passava a ser Frei Antônio

Já na ordem franciscana quis ser missionário na África. Acometido por uma doença durante a viagem teve frustrados seus planos de missionário. Na volta do Marrocos um acidente arrastou sua embarcação para as costas sicilianas. Morou alguns meses em Messina, no convento dos franciscanos, até que seu superior o levou a Assis.



A fama de pregador veio por acaso, na realidade uma delicadeza de Deus. Antônio, no convento franciscano dedicava-se aos trabalhos mais simples. Um dia, durante uma reunião com frades, o pregador faltou. Alguém sugeriu que Antônio fosse chamado. Como esperar algo do cozinheiro do convento? Antônio aceito a missão e fez uma pregação belíssima, em latim. Estava revelado o grande pregador da ordem franciscana.
São Francisco e Santo Antônio

No ano de 1221 fez parte do Capítulo Geral da Ordem em Assis, a convite do próprio Francisco, o fundador, que o convidou também a pregar contra os albigenses em França. Os cátaros e moradores de Albi (albigenses), viviam um falsa doutrina e pobreza, eram hereges.

Painel retratando o Sermão aos Peixes - Catedral
de Santo Antônio - Guaratinguetá
Santo Antônio foi pregar na cidade de Rímini, onde dominavam os hereges que resolveram não ouvi-lo em hipótese alguma. Frei Antônio subiu ao púlpito e quase todos se retiraram e fugiram. Não esmoreceu e pregou aos que tinham ficado. Inflamado pela inspiração Divina, falou com tal energia que os hereges presentes, reconheceram seus erros e resolveram mudar de vida. Mas o Santo não estava contente com o resultado parcial. Retirou-se para orar em solidão, pedindo ao Altíssimo que toda a cidade se convertesse. Saindo do recinto, foi direto às praias do Mar Adriático e, em altos brados clamou aos peixes que o ouvissem e celebrassem com louvores ao seu supremo Criador, já que os homens ingratos não queriam fazê-lo. Diante daquela voz imperiosa, apareceram logo os incontáveis habitantes das águas, e se distribuíram ordenadamente, cada qual com os de sua espécie e tamanho. Os peixes ergueram suas cabeças da água e ficaram longo tempo imóveis, a ouvi-lo.

Além de pregador, a fama de milagreiro também marcou a vida do santo. O sermão aos peixes, o jumento que se curva diante da eucaristia, a bilocação (estar em dois lugares ao mesmo tempo), a reconstrução do pé decepado, e a aparição do Menino Jesus: esses foram alguns dos muitos milagres que Santo Antônio fez em vida.
 
Milagre eucarístico de Santo Antônio - O cavalo se curva frente ao Santíssimo Sacramento
A grande contribuição de Santo Antônio para a ordem franciscano foi estruturar a formação para os frades menores. No início, São Francisco não achava necessário que os frades estudassem. Por influência de Antônio, e isso persiste até hoje, os frades têm uma formação teológica. Francisco chamava Antônio de “meu bispo”.

Dom Diamantino, bispo emérito de nossa diocese, é confrade de Antônio, pertencendo à ordem dos frades menores. Ele concedeu entrevista à PASCOM/Campanha sobre alguns pontos da vida de Santo Antônio. E você confere esse entrevista abaixo:

1. Dom Diamantino, Santo Antônio é foi proclamado Doutor da Igreja em 1946 pelo papa Pio XII. O que é necessário para um santo conseguir esse título? Por que Antônio é considerado doutor da Igreja?
A proclamação de um santo como doutor da Igreja é da responsabilidade do Romano Pontífice. Avalia-se, mediante uma comissão de estudos, a vida e obra do santo. Há também petição do episcopado e até dos fiéis. Levando em consideração tudo isso, o Papa declara um santo doutor. João Paulo II também proclamou "doutoras" Santa Teresa de Jesus, Santa Catarina de Sena e Santa Teresinha do Menino Jesus.

2. Santo Antônio deixou uma série de sermões escritos. Do que tratavam esses sermões? Eles tinham um público destinatário específico?
Santo Antônio foi pregador popular. Poucas vezes se dirigiu a destinatários específicos. Seus sermões eram recheados da Palavra de Deus e abordavam temas da fé e dos costumes combatiam as heresias e os vícios. E sempre exortavam à confiança na misericórdia do Senhor.
 
3. O senhor, como franciscano, é confrade de Antônio. Antes de seguir Francisco, Antônio ingressou na ordem agostiniana. O senhor tem informações de como foi esse período de Francisco entre os agostinianos? O que ele levou da ordem de Santo Agostinho para a ordem franciscana?
Na verdade, Fernando de Bulhões foi interno do Mosteiro de São Vicente (fora dos muros), em Lisboa, onde um tio era cônego. Para estudar com mais afinco e tranquilidade, mudou-se para o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, cuja comunidade seguia a Regra de Santo Agostinho. Foi ali que ele se preparou intelectual e espiritualmente. O mosteiro mantinha intercâmbio com a Escola de São Vitor, na França, proporcionando ótima formação aos estudantes. Nesse ínterim, passaram por Coimbra 07 frades menores, enviados por São Francisco ao Marrocos, para evangelizar os sarracenos. Cônego Fernando ficou assaz impressionado com estilo de vida daqueles frades. Pouco tempo depois sofreram o martírio e os restos mortais foram trazidos para Coimbra. Abrasado pelo mesmo zelo missionário, o Cônego pediu para passar à Ordem dos Frades Menores, cujos irmãos já moravam numa casinha na periferia de Coimbra. Foi aí que ele recebeu o hábito franciscano e mudou o nome para Frei Antônio. Depois ele mesmo se ofereceu para ser missionário no Marrocos.

4. Santo Antônio foi um dos santos que mais rápido foi canonizado, tamanha sua fama de santidade. Em menos de um ano após sua morte ele já ganhava a honra dos altares. Porém, o processo de canonização era bem diferente de como é hoje. O senhor poderia nos explicar como era o processo de canonização antigamente e como o processo de Antônio?
Antigamente, até Urbano IV, no século XV, não havia processo de canonização. O Papa procedia à canonização, após convencer-se da fama de santidade do fiel. No caso de Santo Antônio, o povo reconhecia essa santidade no insigne pregador e também atribuía a ele inúmeros milagres...

5. "Eis a cruz do Senhor! Afastem-se de vós todos os inimigos da Salvação, porque venceu o Leão da tribo de Judá, descendente de Davi, Senhor nosso!" Assim é a bênção de Santo Antônio que rezamos todas as terças na Catedral. Qual a origem da bênção? O senhor poderia nos explicar melhor os dizeres da bênção?
Essa bênção é atribuída ao Santo. Pelo testemunho de seus contemporâneos, Antônio despedia o povo com essa bênção. A fórmula é tirada das Escrituras. Jesus é chamado de "Leão da tribo de Judá" (cfr. Apocalipse) que veio salvar pela Cruz toda a humanidade. Ele é também o descendente (filho) de Davi. O anjo, na anunciação, faz referência a esse título.

Basílica de Santo Antônio em Pádua, Itália, onde estão os
restos mortais de Santo Antônio
6. E, por fim, Dom Diamantino, como podemos aproveitar o exemplo de Santo Antônio em nossa vida hoje? Em que o exemplo de um santo da Idade Média nos ajuda a viver melhor? Gostaria que deixasse uma mensagem para os leitores de nosso blog.
Todos nós podemos espelhar-nos no exemplo do padroeiro da igreja-mãe de nossa diocese e da cidade da Campanha. Neste Ano Jubilar da Misericórdia, podemos recordar Frei Antônio que não podia ver necessitados sem os ajudar. Diz-se que, certa vez, esvaziou o cesto do pão, no convento onde morava, para distribui-lo entre os pobres. O irmão cozinheiro, aflito, procurou-o. Ao que Antônio, docemente, lhe disse: - Volta pra cozinha. E o cesto estava repleto de pães. Dado esse fato, certas imagens de Santo Antônio o representam com o pão na mão, que ele recebe do Menino Jesus, para o entregar aos pobres famintos. Por isso a tradição de doar, benzer e distribuir os pães de Santo Antônio! Que o Santo nos ensine a acolher e a repartir o que somos e temos com amor misericordioso!




Reportagem: Flávio Maia - PASCOM/Campanha



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