Natal do Senhor:
o hoje de Deus que se realiza na história
o hoje de Deus que se realiza na história
“O Mistério da Encarnação não uma
ideia que os cristãos acreditam e divulgam pelo mundo afora. Nós cantamos o
precônio Natalino para mostrar exatamente que Jesus se insere no tempo. Ele entra
no mundo por meio de uma mulher, dentro
da história, dentro de uma etnia, dentro de um povo.” (Dom Pedro Cunha Cruz)
Na noite desta segunda-feira, grande númerode fiéis esteve presente na Catedral Santo Antônio para a celebração da solene missa da Noite de Natal. Este ano, a celebração foi presidida pelo bispo diocesano Dom Pedro Cunha Cruz e co-celebrada pelo vigário paroquia e reitor do seminário propedêutico São Pio X, Pe. Wendel de Oliveira Rezende. Animou a celebração o Coral Catedral, sempre presente nos momentos marcantes da paróquia. Participaram da celebração todos os Ministros da Sagrada Comunhão da Paróquia.
O natal na paróquia Santo Antônio
Com é costume, a Paróquia Santo
Antônio celebra as quatro liturgias propostas para o dia de natal. Às 19h, sob
a presidência de Mons. José Hugo, foi celebrada a missa de Véspera. Às 21h, a
missa da noite (Catedral e N. Sra. Aparecida – Ferreiras). Às 7h do dia 25, a
missa da aurora. As demais celebrações utilizaram o formulário do Dia de Natal:
8h30min (São Sebastião e N. Sra. Aparecida – COHAB), 10h (Catedral e Vila
Vicentina), 17h30min (N. Sra. do Rosário) e 19h (Catedral).
O sentido do natal
A solenidade do Natal, mais que
uma comemoração do nascimento ou não do aniversário de Jesus – na verdade,
ninguém sabe o dia em que ele nasceu -, é a celebração da manifestação de Deus
em nossa humanidade, do “nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a carne”
(conforme dirá o canto das Kalendas). Nela festejamos a salvação que entra
definitivamente na história da gente, e que contemplamos no momento que nasceu
em Belém, na visita dos pastores. O natal é uma festa que está profundamente
enraizada na piedade da Igreja e na religiosidade popular, festejada
expressivamente pela cultura ocidental, apesar dos abusos do consumismo, o
Natal, não é a primeira ou a mais importante festa cristã – essa primazia cabe,
sem sombra de dúvida, à festa da Páscoa -, encerra um denso simbolismo de
vida e luz.
Sua origem remonta ao ano 300
d.C., quando a Igreja de Roma, vivendo numa cultura pagã que comemorava em 25
de dezembro a festa do sol vencedor ou do novo sol (festa do Solis Invictus), fez da data – início do
alongamento dos dias, tempo de luz nova na natureza e novo ano solar – a celebração
da vinda de Cristo, verdadeiro sol da justiça, que apareceu ao mundo depois uma
longa noite.
Os pais e mães da Igreja chamavam
o Natal de festa das luzes, talvez pela proximidade com a festa judaica do
Hanucá, festa luminosa do povo de Israel. Inspirada pela leitura de Isaías, a
liturgia da noite de Natal se apresenta como uma ocasião na qual Deus fez “resplandecer
a claridade da verdadeira luz”.
Na catedral Santo Antônio, a
celebração presidida por D. Pedro, iniciou com o canto das Kalendas, após a
acolhida presidencial.
As Kalendas, ou Precônio Natalino,
não é um ritual obrigatório na liturgia da noite de natal. O texto original
encontra-se no Martirológico Romano e foi resgatado por João Paulo II. O texto faz
uma recapitulação de todos os fatos importantes do povo de Isarel que
precederam o nascimento de Jesus. O nome Kalendas faz referência ao início do
texto, em sua versão em latim: “Octavo
Kalendas Ianuarii”. Na tradição romana, o primeiro dia do mês era chamado
de “kalendas” dpao mês. Assim, os dias próximos às kalendas eram contados em
referência a elas. Por isso o dia 25 de dezembro é chamado assim: o oitavo dia
antes das kalendas de janeiro. O texto em português, que se encontra no
Diretório Litúrgico da CNBB, omitiu estas primeiras duas frases, iniciando
diretamente com a menção dos grandes acontecimentos da história de Israel em
sua relação com o nascimento de Cristo segundo a carne: criação, dilúvio,
nascimento de Abraão, êxodo, olimpíadas, dominação romana, ...
Após as kalendas, D. Pedro
descobriu a imagem do Menino Jesus, procedeu-se a incensação e o Hino de
Louvor. O Coral Catedral utilizou para o momento uma adaptação do Hino de
Louvor que utiliza da melodia tradicional francesa com a letra aprovada pela
CNBB.
Ao final da celebração, formou-se
uma procissão em direção ao presépio. O bispo tomou a imagem do Menino Jesus e
depositou-a no presépio.
A Homilia
Sobre o Salmo responsorial: “Por
isso nós cantamos o Salmo 95 que toda criação exulta de alegria por esse hoje: ‘Hoje
nasceu para nos o salvador, que é Cristo o Senhor’. É Deus que entra no hoje da
nossa vida! A liturgia tem esse poder de trazer o fato do passado para o
presente! Não simplesmente como uma recordação mas como uma celebração ativa. O
mistério do natal se faz presente no mistério da eucaristia”.
“A segunda leitura, tirada da
carta de São Paulo a Tito, lembra que acolher a salvação trazida por Jesus
significa portanto renunciar aos valores do mundo e assumir a proposta do
menino de Belém. É essa vida nova, cantada no Salmo 95.”
“E aí estamos portanto diante da
beleza, da grandeza do Santo evangelho desta noite, onde ele vai nos narrar o
fato anunciado pelos profetas e aguardado pelo povo de Deus: o nascimento de
Jesus menino. [...] a força desse Deus se manifesta na fragilidade da ternura
na simplicidade de uma criança recém-nascida. Deus escolhe sempre a lógica do
contrário para manifestar a sua grandeza e sua força, por isso só os humildes e
simples poderão acolher esse sinal de Deus. Os poderosos estão esperando, talvez,
um rei mais exuberante do que Herodes ou do que o próprio Rei Davi. Mas Deus
não escolheu esse caminho! [...] A boa notícia enche de felicidade os pobres,
os fracos, os marginalizados, representados pelos pastores. Mês passado alguns padres da diocese e eu tivemos a alegria de estar em Belém e visitar a Gruta
dos Pastores. Maria e José percorreram em torno de 150 km para que Jesus
pudesse nascer em uma manjedoura, um lugar simples e humilde. Portanto o sinal
sacramental de Deus encontrado pelos pastores é o verbo que se fez carne. Quem será esse menino que é anunciado pelos anjos com tanta alegria? [...]”
Dom Pedro encerrou sua homilia
citando os sermões de Santo Agostinho e São Leão Magno.
“Desperta, ó homem: por tua causa
Deus se fez homem. Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre
ti Cristo resplandecerá (Ef 5,14). Por tua causa, repito, Deus se fez homem. Estarias
morto para sempre, se ele não tivesse nascido no tempo. Jamais te libertarias
da carne do pecado, se ele não tivesse assumido uma carne semelhante à do
pecado. Estarias condenado a uma eterna miséria, se não fosse a sua misericórdia.
Não voltarias à vida, se ele não tivesse vindo ao encontro da tua morte. Terias
perecido, se ele não te socorresse. Estarias perdido, se ele não viesse
salvar-te.” (Santo Agostinho, sermão 185, Ofício de Leituras do dia 24 de
dezembro)
“Hoje, amados filhos, nasceu o
nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a
vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com
promessa da eternidade. Ninguém está excluído da participação nesta felicidade.
A causa da alegria é comum a todos, porque nosso senhor, vencedor do pecado e
da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos.
Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é
oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida.” (São Leão
Magno, 1º sermão de natal, Ofício de Leituras do dia 25 de dezembro)
Menagem natalina
Ao fim da celebração, Dom Pedro fez questão de deixar uma mensagem natalina a todos os internautas.
Kalendas
Se você não conhece a íntegra do canto das Kalendas, ou Precônio Natalino, ou ainda Anúncio do Natal, transcrevemos abaixo o texto da versão recomendada no Diretório Litúrgico da CNBB.
Transcorridos inumeráveis séculos da criação do mundo, desde que Deus, no princípio, criou o céu e a terra e formou o ser humano à sua imagem. Transcorridos também muitos séculos desde que o Altíssimo, passado o dilúvio, pôs um arco nas nuvens, sinal de aliança e de paz. No século vigésimo primeiro da migração de Abraão, nosso pai na fé, de Ur dos Caldeus; no século décimo terceiro da saída do povo de Israel do Egito, conduzido por Moisés; cerca de mil anos da unção de Davi como rei; na sexagésima quinta semana, conforme a profecia de Daniel; na centésima nonagésima quarta Olimpíada; no setingentésimo quinquagésimo segundo ano da fundação de Roma; no quadragésimo segundo ano do império de Otaviano Augusto; estando todo o mundo em paz, JESUS CRISTO, ETERNO DEUS E FILHO DO ETERNO PAI, querendo consagrar o mundo com sua piedosíssima vinda, pelo Espírito Santo concebido, passados nove meses da concepção, em Belém da Judeia nasce, da Virgem Maria, feito homem. Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo a carne!
Reportagem fotográfica completa você pode acessar a fan page
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