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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Quarta-feira de cinzas na paróquia Santo Antônio




Quarta-feira de cinzas:
Dom Pedro Cunha Cruz preside missa solene na Catedral e abre oficialmente a Campanha da Fraternidade na diocese

Como já é tradição na vetusta cidade de Campanha, o bispo diocesano presidiu a missa solene de abertura da Quaresma e da Campanha da Fraternidade nesta Quarta-feira de Cinzas, dia 14, às 19h. A Catedral estava repleta de fieis que participaram da celebração e da imposição de cinzas. Concelebraram o magnífico reitor do seminário propedêutico S. Pio X e vigário paroquial, Wendel Rezende e o pároco e chanceler do bispado, Luzair Abreu.

A quaresma é o tempo de renovação espiritual, uma espécie de retiro pascal estruturado no trinômio oração, jejum e esmola. Já dizia são Pedro Crisólogo: “Três são, irmãos, as colunas que fazem com que a fé se mantenha firme, a devoção constante e a virtude permanente. Estas três colunas são: a oração, o jejum e a misericórdia. Porque a oração chama, o jejum intercede e a misericórdia recebe.”

Neste ano em que vivemos a leitura do evangelho de Marcos, a quaresma nos propõe uma reflexão mais cristológica, sobre a glorificação de Cristo pela cruz.

Participaram da celebração de ontem os seminaristas do curso de filosofia do Seminário N. Sra. Das Dores. Cantou a missa o Coral Catedral, sempre presente nos momentos marcantes da paróquia, que se esmerou na execução dos cantos propostos.

Homilia
Em sua homilia, Dom Pedro ressaltou para os fiéis presentes, a importância da vivência do tempo da quaresma, bem como o real significado da imposição de cinzas. Logo abaixo você confere alguns trechos da homilia episcopal:

O nosso coração se enche de alegria ao vermos em pleno século XXI, que é o século da intolerância religiosa, fiéis que expressam uma realidade mais profunda em seu coração que é a busca de Deus. Isso nos alegra porque nos faz perceber uma característica que é própria do ser humano, que quer se preencher de uma totalidade. É Deus mesmo que quer conceder uma graça especial a cada um de vocês! O fato de termos uma igreja cheia, não só aqui na catedral, mas, certamente, em muitas paróquias de nossa diocese, pelo Brasil e pelo mundo afora é um sinal vivo bíblico da sede do homem por Deus.

É claro que a imposição das cinzas é apenas um sinal que expressa o despojamento toda nossa abertura e toda a consciência de nossa limitação, de nosso pecado. E é muito bom que no dia de hoje, que foi um dia de recolhimento, de oração e jejum e também para alguns, se dedicaram à prática da caridade, que tenhamos fortemente a consciência do Pecado que muitas vezes nos toma para que assim nos sintamos necessitados da Graça de Deus. [...] As cinzas vão lembrar a nossa condição miserável, a nossa condição humana, a nossa condição de pó, de pobreza, de miséria. Temos que ter consciência de que somos tudo isso! Não podemos fugir dessa verdade! Quanto mais aumenta a nossa consciência sobre a nossa condição pecadora, mais a graça de Deus vai atuar e agir em cada um de nós. Isso é muito importante

A quaresma é o itinerário no qual recordamos a entrada de Jesus no deserto entramos com ele no deserto, mas é também o itinerário de revisão do nosso interior.  Tudo aquilo que não é bom em nós precisa virar cinzas, precisa ser excluído, eliminado para que, assim, possamos ter uma religião que de fato seja a religião querida pelo próprio Deus, por isso vamos fazer muitas vezes a experiência da Misericórdia.

Na primeira leitura, o profeta demonstra que não é necessário fazer nada de externo nesse período da Quaresma. [...] Como lembra o profeta Joel, nós até podemos fazer gestos e sinais externos mas tudo deve partir de nosso coração. Todo nosso gesto deve ser voltado para o Pai do céu, como recorda o evangelho de hoje.

São Paulo, nesta Segunda Carta aos Coríntios, nos lembra de que não é o tempo futuro o tempo de nós construirmos uma vida digna para o encontro do Senhor no seu reino. É este tempo agora! Por isso São Paulo usa o verbo no imperativo: reconciliai-vos com Deus! É agora o tempo favorável! Ou fazemos alguma coisa agora, com Jesus no deserto, para melhorar nosso relacionamento com Deus, conosco, com os irmãos, ou não teremos outro tempo. Muitas vezes ficamos esperando acontecer alguma coisa, que vai melhorar isso ou aquilo, mas a vida é um processo contínuo de transformação, de conversão. Cada tempo que Deus nos concede por meio da sua igreja temos que aproveitar muito bem.

No Evangelho de hoje, Jesus nos dá três práticas que devemos observar.  Ele não está relativizando se nós podemos fazer ou não fazer a prática da caridade, da oração e do jejum. Jesus está simplesmente nos ensinando como fazer, ou seja, não fazer como os fariseus, que fazem para os outros verem e recebem elogios dos homens. E o que sobra para Deus? Nada! Se você recebe a honra e a glória dos homens, Deus que deveria fazer isso, acaba não fazendo. Então essa é a religião da interioridade que Jesus vem estabelecer. Na realidade aquilo que nós construímos nesse itinerário penitencial da quaresma depende simplesmente da nossa oração silenciosa.  Eu até falava com os padres no seminário... uma das coisas que venho observando desde 2015 quando cheguei aqui na diocese: na terça-feira de carnaval, e é um fato que não se observa mais nas metrópoles, quando dá meia-noite, as pessoas começam a se recolher a silenciar e a fazer observância do dia de hoje, de quarta-feira de Cinzas.

Campanha da Fraternidade 2018

Tradicionalmente, a quarta-feira de cinzas também marca o início da Campanha da Fraternidade. A cada ano a CNBB escolhe um tema, geralmente ligado à prática social da religião, para que os fiéis vivenciem durante a quaresma. Esse ano o tema da CF é: Fraternidade e superação da violência. E o lema, sempre baseado em uma passagem bíblica: “Vós sois todos irmãos”, retirado do evangelho de Mateus 23,8.

Sobre a Campanha da Fraternidade, dom Pedro disse aos fieis: “Neste tempo [a quaresma], a igreja fala também muito fortemente na sociedade. Por isso temos a Campanha da Fraternidade. Segundo estudo da CNBB é quando a igreja católica é mais ouvida pela sociedade. [...] Eu gostaria de deixar uma mensagem para vocês sobre o lançamento do tema, que é muito pertinente, que mostra uma sensibilidade da Igreja Católica com relação a um problema social e como ela dá pistas para solucionar a questão da violência. Não é fácil! Não temos ainda uma solução fácil para solucionar a violência no Brasil. O que nos motiva no caminho da superação da violência é a prática da vida e dos ensinamentos de Jesus. A igreja sempre foi a favor da vida. Tudo aquilo que tenta atingir a essência da vida, a Igreja se posiciona contra. Portanto é Ele, o próprio Jesus, que nos recorda: vós sois todos irmãos [lema da Campanha deste ano]. Então precisamos todos abraçar essa proposta da igreja dizendo que a superação da violência é um desafio que atinge a todos. [...] A Campanha da Fraternidade é uma ferramenta pela qual a igreja levanta sua voz profética para anunciar ao mundo o que Deus deseja para nós. O que Deus deseja para nós é o anúncio que a igreja faz hoje, mas ao mesmo tempo, Deus deseja que denunciemos a violência.  [...] Jesus quer que nós, seus seguidores tenhamos um jeito novo de viver

Para o lançamento da Campanha da Fraternidade, o santo padre, o papa Francisco enviou uma mensagem ao povo brasileiro. “Peço a Deus que a Campanha da Fraternidade deste ano anime a todos para encontrar caminhos de superação da violência, convivendo mais como irmãos e irmãs em Cristo. Invoco a proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida sobre o povo brasileiro, concedendo a Bênção Apostólica. Peço que todos rezem por mim”. (a íntegra da mensagem pontifícia você pode encontrar em www.vatican.va)