Quarta-feira de cinzas:
Dom Pedro Cunha Cruz preside
missa solene na Catedral e abre oficialmente a Campanha da Fraternidade na
diocese
Como já é tradição na vetusta
cidade de Campanha, o bispo diocesano presidiu a missa solene de abertura da Quaresma
e da Campanha da Fraternidade nesta Quarta-feira de Cinzas, dia 14, às 19h. A
Catedral estava repleta de fieis que participaram da celebração e da imposição
de cinzas. Concelebraram o magnífico reitor do seminário propedêutico S. Pio X
e vigário paroquial, Wendel Rezende e o pároco e chanceler do bispado, Luzair
Abreu.
A quaresma é o tempo de renovação
espiritual, uma espécie de retiro pascal estruturado no trinômio oração, jejum
e esmola. Já dizia são Pedro Crisólogo: “Três são, irmãos, as colunas que fazem
com que a fé se mantenha firme, a devoção constante e a virtude permanente.
Estas três colunas são: a oração, o jejum e a misericórdia. Porque a oração
chama, o jejum intercede e a misericórdia recebe.”
Neste ano em que vivemos a
leitura do evangelho de Marcos, a quaresma nos propõe uma reflexão mais
cristológica, sobre a glorificação de Cristo pela cruz.
Participaram da celebração de
ontem os seminaristas do curso de filosofia do Seminário N. Sra. Das Dores.
Cantou a missa o Coral Catedral, sempre presente nos momentos marcantes da
paróquia, que se esmerou na execução dos cantos propostos.
Homilia
Em sua homilia, Dom Pedro
ressaltou para os fiéis presentes, a importância da vivência do tempo da
quaresma, bem como o real significado da imposição de cinzas. Logo abaixo você
confere alguns trechos da homilia episcopal:
O nosso coração se enche de
alegria ao vermos em pleno século XXI, que é o século da intolerância religiosa,
fiéis que expressam uma realidade mais profunda em seu coração que é a busca de
Deus. Isso nos alegra porque nos faz perceber uma característica que é própria
do ser humano, que quer se preencher de uma totalidade. É Deus mesmo que quer
conceder uma graça especial a cada um de vocês! O fato de termos uma igreja
cheia, não só aqui na catedral, mas, certamente, em muitas paróquias de nossa
diocese, pelo Brasil e pelo mundo afora é um sinal vivo bíblico da sede do
homem por Deus.
É claro que a imposição das
cinzas é apenas um sinal que expressa o despojamento toda nossa abertura e toda
a consciência de nossa limitação, de nosso pecado. E é muito bom que no dia de
hoje, que foi um dia de recolhimento, de oração e jejum e também para alguns,
se dedicaram à prática da caridade, que tenhamos fortemente a consciência do
Pecado que muitas vezes nos toma para que assim nos sintamos necessitados da
Graça de Deus. [...] As cinzas vão lembrar a nossa condição miserável, a nossa
condição humana, a nossa condição de pó, de pobreza, de miséria. Temos que ter
consciência de que somos tudo isso! Não podemos fugir dessa verdade! Quanto mais
aumenta a nossa consciência sobre a nossa condição pecadora, mais a graça de Deus
vai atuar e agir em cada um de nós. Isso é muito importante
A quaresma é o itinerário no qual
recordamos a entrada de Jesus no deserto entramos com ele no deserto, mas é
também o itinerário de revisão do nosso interior. Tudo aquilo que não é bom em nós precisa virar
cinzas, precisa ser excluído, eliminado para que, assim, possamos ter uma
religião que de fato seja a religião querida pelo próprio Deus, por isso vamos
fazer muitas vezes a experiência da Misericórdia.
Na primeira leitura, o profeta
demonstra que não é necessário fazer nada de externo nesse período da Quaresma.
[...] Como lembra o profeta Joel, nós até podemos fazer gestos e sinais
externos mas tudo deve partir de nosso coração. Todo nosso gesto deve ser
voltado para o Pai do céu, como recorda o evangelho de hoje.
São Paulo, nesta Segunda Carta aos
Coríntios, nos lembra de que não é o tempo futuro o tempo de nós construirmos
uma vida digna para o encontro do Senhor no seu reino. É este tempo agora! Por
isso São Paulo usa o verbo no imperativo: reconciliai-vos com Deus! É agora o
tempo favorável! Ou fazemos alguma coisa agora, com Jesus no deserto, para
melhorar nosso relacionamento com Deus, conosco, com os irmãos, ou não teremos
outro tempo. Muitas vezes ficamos esperando acontecer alguma coisa, que vai
melhorar isso ou aquilo, mas a vida é um processo contínuo de transformação, de
conversão. Cada tempo que Deus nos concede por meio da sua igreja temos que
aproveitar muito bem.
No Evangelho de hoje, Jesus nos dá
três práticas que devemos observar. Ele
não está relativizando se nós podemos fazer ou não fazer a prática da caridade,
da oração e do jejum. Jesus está simplesmente nos ensinando como fazer, ou seja,
não fazer como os fariseus, que fazem para os outros verem e recebem elogios
dos homens. E o que sobra para Deus? Nada! Se você recebe a honra e a glória
dos homens, Deus que deveria fazer isso, acaba não fazendo. Então essa é a
religião da interioridade que Jesus vem estabelecer. Na realidade aquilo que
nós construímos nesse itinerário penitencial da quaresma depende simplesmente
da nossa oração silenciosa. Eu até
falava com os padres no seminário... uma das coisas que venho observando desde
2015 quando cheguei aqui na diocese: na terça-feira de carnaval, e é um fato
que não se observa mais nas metrópoles, quando dá meia-noite, as pessoas começam
a se recolher a silenciar e a fazer observância do dia de hoje, de quarta-feira
de Cinzas.
Campanha da Fraternidade 2018
Tradicionalmente, a quarta-feira
de cinzas também marca o início da Campanha da Fraternidade. A cada ano a CNBB
escolhe um tema, geralmente ligado à prática social da religião, para que os
fiéis vivenciem durante a quaresma. Esse ano o tema da CF é: Fraternidade e
superação da violência. E o lema, sempre baseado em uma passagem bíblica: “Vós
sois todos irmãos”, retirado do evangelho de Mateus 23,8.
Sobre a Campanha da Fraternidade,
dom Pedro disse aos fieis: “Neste tempo [a quaresma], a igreja fala também
muito fortemente na sociedade. Por isso temos a Campanha da Fraternidade. Segundo
estudo da CNBB é quando a igreja católica é mais ouvida pela sociedade. [...] Eu
gostaria de deixar uma mensagem para vocês sobre o lançamento do tema, que é
muito pertinente, que mostra uma sensibilidade da Igreja Católica com relação a
um problema social e como ela dá pistas para solucionar a questão da violência.
Não é fácil! Não temos ainda uma solução fácil para solucionar a violência no
Brasil. O que nos motiva no caminho da superação da violência é a prática da
vida e dos ensinamentos de Jesus. A igreja sempre foi a favor da vida. Tudo
aquilo que tenta atingir a essência da vida, a Igreja se posiciona contra. Portanto
é Ele, o próprio Jesus, que nos recorda: vós sois todos irmãos [lema da
Campanha deste ano]. Então precisamos todos abraçar essa proposta da igreja
dizendo que a superação da violência é um desafio que atinge a todos. [...] A Campanha
da Fraternidade é uma ferramenta pela qual a igreja levanta sua voz profética
para anunciar ao mundo o que Deus deseja para nós. O que Deus deseja para nós é
o anúncio que a igreja faz hoje, mas ao mesmo tempo, Deus deseja que
denunciemos a violência. [...] Jesus
quer que nós, seus seguidores tenhamos um jeito novo de viver
Para o lançamento da Campanha da Fraternidade, o santo
padre, o papa Francisco enviou uma mensagem ao povo brasileiro. “Peço a Deus
que a Campanha da Fraternidade deste ano anime a todos para encontrar caminhos
de superação da violência, convivendo mais como irmãos e irmãs em Cristo.
Invoco a proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida sobre o povo
brasileiro, concedendo a Bênção Apostólica. Peço que todos rezem por mim”. (a
íntegra da mensagem pontifícia você pode encontrar em www.vatican.va)
Nenhum comentário:
Postar um comentário