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quarta-feira, 15 de junho de 2016

Peregrinação de fiéis de Cambuquira a Campanha

Peregrinação de Cambuquira a Campanha

Fiéis da paróquia São Sebastião de Cambuquira vão a pé em peregrinação a Campanha, para passarem pela Porta Santa da Misericórdia


No último domingo, dia 12 de junho, a paróquia São Sebastião, em Cambuquira realizou uma peregrinação para Catedral de Campanha, com o objetivo dos fiéis passarem pela Porta Santa do Ano da Misericórdia.

O pe. Aloísio Gustavo Dias, pároco de Cambuquira, explicou que a ideia de fazer a peregrinação de Cambuquira a Campanha, surgiu da leitura dos textos do papa para o Ano Santo da Misericórdia; e que o povo de Cambuquira gosta muito dessa prática, porque vários grupos vão, principalmente, a Aparecida. O clérigo explicou também que foi uma preparação de 3 meses. O grupo foi formado por aproximadamente 450 pessoas. A peregrinação teve início às 3h do dia 12 de junho, com uma oração na matriz de São Sebastião. Por volta de 3h30min, iniciou-se a caminhada e, logo na saída da cidade, os peregrinos rezaram o terço luminoso para que Deus iluminasse o caminho. O trajeto de Cambuquira para Campanha é de 16km. O frio não atrapalhou, apesar de na madrugada a temperatura indicar 3ºC. Pe. Aloísio explicou que foram feitas várias paradas para café, momentos de confraternização, e, sobretudo muita oração. Para ele, a fé dos peregrinos espantou o frio.


Sobre a motivação do papa Francisco em incentivar peregrinações, Pe. Aloísio comentou: “Esse simbolismo de passar pela Porta Santa é para experimentar essa misericórdia e ternura de Deus. O Cristo nosso bom pastor é a porta que acolhe. Nesse sentido, passando ela Porta da Misericórdia, estamos abrindo o nosso coração para Cristo que é a porta principal”

Em Campanha, os fiéis se dirigiram à Catedral e participaram da missa das 10h, presidida pelo bispo Dom Pedro Cunha Cruz; e concelebrada pelo vigário paroquial e reitor do seminário propedêutico São Pio X, pe. Edson Pereira de Oliveira e pelo pe. Aloísio Gustavo Dias.

Em sua homilia, Dom Pedro acolheu de maneira especial os romeiros de Cambuquira e ratificou aos fieis a importância da peregrinação neste Ano Santo; o peregrinar mostra o quanto devemos crescer para Deus. Aquilo que cada um faz fisicamente deve ser reflexo daquilo que espiritualmente se está vivenciando. O bispo também comentou que foi uma delicadeza de Deus, a escolha deste domingo para a peregrinação, pois a Liturgia da Palavra é toda voltada para o tema da misericórdia divina.

Comentando a primeira leitura leitura, D. Pedro afirma que “Deus manifesta seu amor: primeiro ao eleger Davi rei de Israel, segundo por fazer Davi um rei muito próspero, que trouxe paz e segurança para o povo de Israel. E um terceiro momento, temos a imagem do profeta, que é a Palavra de Deus traduzida de forma humana.”


O salmo mostra o perdão e expressa a onipotência de Deus.  Se de um lado o salmista se reconhece pecador, de outro, não tem vergonha de se confessar porque conhece o coração de Deus.

A segunda leitura é uma das passagens mais conhecidas das cartas paulinas. “É o Cristo que vive em mim. Quando conseguirmos vivenciar isso, conseguiremos entender a mensagem de Salvação de Deus trazida pelo filho de deus a todós nós. [...] O meu viver não é mais viver pela lei, [...] o meu viver é em Cristo”.

Do Evangelho, Dom Pedro destacou o silêncio de Jesus, que “consegue com seu coração, com seu interior, interpretar o olhar da mulher. [...] Simão de um lado julga, Jesus, de outro lado, absolve.”



Ao final da missa, Dom Pedro concedeu a bênção indulgenciária aos peregrinos de Cambuquira e ao povo de Campanha presente na missa.

Sobre a importância da peregrinação no contexto do Anto Santo da Misericórdia, o bispo comentou: “O Santo Padre nos propõe como manifestação do ano da misericórdia que é celebrado, esse roteiro de peregrinação em todas as dioceses. Os fiéis têm feito muito isso, no mundo inteiro. Expressa, portanto, como falei na homilia, um crescimento no campo da fé. Nós expressamos fisicamente aquilo que nós vivemos espiritualmente nesse ano da misericórdia. Nossa vida é um peregrinar, rumo a Cristo Jesus, e um crescimento constante na graça do próprio Cristo Jesus. Esse é o sentido que tem uma evolução, um crescimento espiritual. Esse ano, na verdade, nós queremos crescer espiritualmente com essa oportunidade que o santo padre nos dá, oferecendo-nos esse ano jubilar da misericórdia de Deus. Para que todos possam expressar fisicamente aquilo que celebramos: a graça de Deus que deve perpetuar em nossa vida e fazer-nos crescer para cumprirmos cada vez mais a vontade de Deus”.

Trezena e festa de Santo Antônio. Na celebração das 10h de domingo, 12 de junho, os príncipes e princesas da Festa de Santo Antônio participaram da Procissão das Ofertas, levando ao altar a oferta de cada um para o padroeiro. É uma antiga tradição da paróquia que foi resgatada em 2010. Os príncipes e princesas são crianças da comunidade, representando cada uma das comunidades da paróquia, urbanas ou rurais.

Princesas e Príncipes da Festa de Santo Antônio 
  • Ana Cecília Ferreira Maciel e Maria Gabriela Ferreira Maciel, filhos de Ana Célia Ferreira e Leandro Paulo Maciel (comunidade São Sebastião).
  • Caio Guimarães Rodrigues, filho de Aline Fernandes Guimarães e Matheus Eleotério Rodrigues (comunidade Santa Tereza).
  • Elisa Pereira Camargo, filho de Sandra Cristina Pereira e Jader de Jesus Camargo (comunidade N. Sra. do Rosário).
  • Isadora Faria Andreatta, filha de Daniela Rabelo Faria e Thiago Cesarino Andreatta (comunidade São Cristóvão).
  • João Gabriel Prock Martins e Marcos Vinícius Prock Martins, filhos de Lucimeire Prock e João Paulo Martins (comunidade Santa Cruz).
  • João Pedro dos Santos e Luiz Miguel dos Santos, filhos de Maria de Lourdes Orário e Ovídeo José Santos (comunidade N. Sra. Rainha da Paz).
  • Juliana Rodrigues de Melo Ramos, filha de Mariana Rodrigues de Melo e Valdir Ramos Júnior (comunidade Catedral)
  • Marco Túlio Gomes Rodrigues da Silva, filho de Gláucia Gomes Ribeiro e Claudinei Divino da Silva (comunidade São Francisco)
  • Victor Hugo Fontana Silva, filho de Viviane da Silva e Alessandro Fontana da Silva (comunidade N. Sra. Aparecida)




Reportagem: Flávio Maia - PASCOM/Campanha

terça-feira, 14 de junho de 2016

Pe. Edinho recebe as comunidades rurais

Antes da missa solene de ontem, dia 13 de junho, os fiéis presentes foram surpreendidos pelo vigário, Pe. Edson Pereira de Oliveira. Recebendo cada uma das comunidades e seus respectivos padroeiros, Pe. Edinho, tomou seu instrumento, a sanfona, e acolheu cada uma das comunidades presentes. Você pode conferir nos vídeos abaixo!




segunda-feira, 13 de junho de 2016

Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa


Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa

Conheça um pouco mais da vida do padroeiro da cidade de Campanha, sé diocesana. Dom Diamantino Prata de Carvalho, ofm, nosso bispo emérito conversou com a equipe do blog sobre alguns aspectos da vida de Santo Antônio

Santo Antônio, cujo nome de batismo é Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo, nasceu em Lisboa em 1195. Era filho de Martim (ou Martinho) de Bulhões, e de Maria Teresa Taveira. Aos 15 anos entrou no Colégio dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, onde adquiriu e aprofundou conhecimentos de teologia, filosofia e ciências.
 
Igreja de Santo Antônio em Lisboa
Essa fase na ordem agostiana foi fundamental para que Antônio adquirisse profundo conhecimento sobre a palavra de Deus. É bom pensar que estamos falando em Idade Média, época em que livros não eram objetos fáceis de serem encontrados. E a sua grande maioria estava de posse da Igreja. A reprodução de livros era feita, basicamente, por monges copistas: religiosos que viviam em mosteiros e reproduziam à mão, os mais diversos livros.

Ao ver os frades mendicantes de São Francisco, foi tocado por aquela espiritualidade. Deixou a ordem de agostiana e ingressou na ordem franciscana, em 1220. Fernando trocou de nome: passava a ser Frei Antônio

Já na ordem franciscana quis ser missionário na África. Acometido por uma doença durante a viagem teve frustrados seus planos de missionário. Na volta do Marrocos um acidente arrastou sua embarcação para as costas sicilianas. Morou alguns meses em Messina, no convento dos franciscanos, até que seu superior o levou a Assis.



A fama de pregador veio por acaso, na realidade uma delicadeza de Deus. Antônio, no convento franciscano dedicava-se aos trabalhos mais simples. Um dia, durante uma reunião com frades, o pregador faltou. Alguém sugeriu que Antônio fosse chamado. Como esperar algo do cozinheiro do convento? Antônio aceito a missão e fez uma pregação belíssima, em latim. Estava revelado o grande pregador da ordem franciscana.
São Francisco e Santo Antônio

No ano de 1221 fez parte do Capítulo Geral da Ordem em Assis, a convite do próprio Francisco, o fundador, que o convidou também a pregar contra os albigenses em França. Os cátaros e moradores de Albi (albigenses), viviam um falsa doutrina e pobreza, eram hereges.

Painel retratando o Sermão aos Peixes - Catedral
de Santo Antônio - Guaratinguetá
Santo Antônio foi pregar na cidade de Rímini, onde dominavam os hereges que resolveram não ouvi-lo em hipótese alguma. Frei Antônio subiu ao púlpito e quase todos se retiraram e fugiram. Não esmoreceu e pregou aos que tinham ficado. Inflamado pela inspiração Divina, falou com tal energia que os hereges presentes, reconheceram seus erros e resolveram mudar de vida. Mas o Santo não estava contente com o resultado parcial. Retirou-se para orar em solidão, pedindo ao Altíssimo que toda a cidade se convertesse. Saindo do recinto, foi direto às praias do Mar Adriático e, em altos brados clamou aos peixes que o ouvissem e celebrassem com louvores ao seu supremo Criador, já que os homens ingratos não queriam fazê-lo. Diante daquela voz imperiosa, apareceram logo os incontáveis habitantes das águas, e se distribuíram ordenadamente, cada qual com os de sua espécie e tamanho. Os peixes ergueram suas cabeças da água e ficaram longo tempo imóveis, a ouvi-lo.

Além de pregador, a fama de milagreiro também marcou a vida do santo. O sermão aos peixes, o jumento que se curva diante da eucaristia, a bilocação (estar em dois lugares ao mesmo tempo), a reconstrução do pé decepado, e a aparição do Menino Jesus: esses foram alguns dos muitos milagres que Santo Antônio fez em vida.
 
Milagre eucarístico de Santo Antônio - O cavalo se curva frente ao Santíssimo Sacramento
A grande contribuição de Santo Antônio para a ordem franciscano foi estruturar a formação para os frades menores. No início, São Francisco não achava necessário que os frades estudassem. Por influência de Antônio, e isso persiste até hoje, os frades têm uma formação teológica. Francisco chamava Antônio de “meu bispo”.

Dom Diamantino, bispo emérito de nossa diocese, é confrade de Antônio, pertencendo à ordem dos frades menores. Ele concedeu entrevista à PASCOM/Campanha sobre alguns pontos da vida de Santo Antônio. E você confere esse entrevista abaixo:

1. Dom Diamantino, Santo Antônio é foi proclamado Doutor da Igreja em 1946 pelo papa Pio XII. O que é necessário para um santo conseguir esse título? Por que Antônio é considerado doutor da Igreja?
A proclamação de um santo como doutor da Igreja é da responsabilidade do Romano Pontífice. Avalia-se, mediante uma comissão de estudos, a vida e obra do santo. Há também petição do episcopado e até dos fiéis. Levando em consideração tudo isso, o Papa declara um santo doutor. João Paulo II também proclamou "doutoras" Santa Teresa de Jesus, Santa Catarina de Sena e Santa Teresinha do Menino Jesus.

2. Santo Antônio deixou uma série de sermões escritos. Do que tratavam esses sermões? Eles tinham um público destinatário específico?
Santo Antônio foi pregador popular. Poucas vezes se dirigiu a destinatários específicos. Seus sermões eram recheados da Palavra de Deus e abordavam temas da fé e dos costumes combatiam as heresias e os vícios. E sempre exortavam à confiança na misericórdia do Senhor.
 
3. O senhor, como franciscano, é confrade de Antônio. Antes de seguir Francisco, Antônio ingressou na ordem agostiniana. O senhor tem informações de como foi esse período de Francisco entre os agostinianos? O que ele levou da ordem de Santo Agostinho para a ordem franciscana?
Na verdade, Fernando de Bulhões foi interno do Mosteiro de São Vicente (fora dos muros), em Lisboa, onde um tio era cônego. Para estudar com mais afinco e tranquilidade, mudou-se para o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, cuja comunidade seguia a Regra de Santo Agostinho. Foi ali que ele se preparou intelectual e espiritualmente. O mosteiro mantinha intercâmbio com a Escola de São Vitor, na França, proporcionando ótima formação aos estudantes. Nesse ínterim, passaram por Coimbra 07 frades menores, enviados por São Francisco ao Marrocos, para evangelizar os sarracenos. Cônego Fernando ficou assaz impressionado com estilo de vida daqueles frades. Pouco tempo depois sofreram o martírio e os restos mortais foram trazidos para Coimbra. Abrasado pelo mesmo zelo missionário, o Cônego pediu para passar à Ordem dos Frades Menores, cujos irmãos já moravam numa casinha na periferia de Coimbra. Foi aí que ele recebeu o hábito franciscano e mudou o nome para Frei Antônio. Depois ele mesmo se ofereceu para ser missionário no Marrocos.

4. Santo Antônio foi um dos santos que mais rápido foi canonizado, tamanha sua fama de santidade. Em menos de um ano após sua morte ele já ganhava a honra dos altares. Porém, o processo de canonização era bem diferente de como é hoje. O senhor poderia nos explicar como era o processo de canonização antigamente e como o processo de Antônio?
Antigamente, até Urbano IV, no século XV, não havia processo de canonização. O Papa procedia à canonização, após convencer-se da fama de santidade do fiel. No caso de Santo Antônio, o povo reconhecia essa santidade no insigne pregador e também atribuía a ele inúmeros milagres...

5. "Eis a cruz do Senhor! Afastem-se de vós todos os inimigos da Salvação, porque venceu o Leão da tribo de Judá, descendente de Davi, Senhor nosso!" Assim é a bênção de Santo Antônio que rezamos todas as terças na Catedral. Qual a origem da bênção? O senhor poderia nos explicar melhor os dizeres da bênção?
Essa bênção é atribuída ao Santo. Pelo testemunho de seus contemporâneos, Antônio despedia o povo com essa bênção. A fórmula é tirada das Escrituras. Jesus é chamado de "Leão da tribo de Judá" (cfr. Apocalipse) que veio salvar pela Cruz toda a humanidade. Ele é também o descendente (filho) de Davi. O anjo, na anunciação, faz referência a esse título.

Basílica de Santo Antônio em Pádua, Itália, onde estão os
restos mortais de Santo Antônio
6. E, por fim, Dom Diamantino, como podemos aproveitar o exemplo de Santo Antônio em nossa vida hoje? Em que o exemplo de um santo da Idade Média nos ajuda a viver melhor? Gostaria que deixasse uma mensagem para os leitores de nosso blog.
Todos nós podemos espelhar-nos no exemplo do padroeiro da igreja-mãe de nossa diocese e da cidade da Campanha. Neste Ano Jubilar da Misericórdia, podemos recordar Frei Antônio que não podia ver necessitados sem os ajudar. Diz-se que, certa vez, esvaziou o cesto do pão, no convento onde morava, para distribui-lo entre os pobres. O irmão cozinheiro, aflito, procurou-o. Ao que Antônio, docemente, lhe disse: - Volta pra cozinha. E o cesto estava repleto de pães. Dado esse fato, certas imagens de Santo Antônio o representam com o pão na mão, que ele recebe do Menino Jesus, para o entregar aos pobres famintos. Por isso a tradição de doar, benzer e distribuir os pães de Santo Antônio! Que o Santo nos ensine a acolher e a repartir o que somos e temos com amor misericordioso!




Reportagem: Flávio Maia - PASCOM/Campanha



O pão de Santo Antôno




O pão de Santo Antônio


A figura de Santo Antônio está muito ligada com o pãozinho de Santo Antônio que é abençoado e, muitos de nós deixam no vasilhame de mantimento para que não falte alimento durante o ano. Mas você já parou para pensar qual a origem desse costume?

Uma primeira vertente é que esse costume tem origem naquilo que chamou a atenção do agostiniano Fernando para a ordem de São Francisco. Fernando ficou impressionado com o despojamento dos frades mendicantes de Francisco pedindo alimento e distribuindo-o aos pobres. Fernando se transferiu da ordem agostiana para os franciscanos e passou a chamar-se Antônio. Junto com Francisco e os demais frades passaram a distribuir alimento aos pobres e necessitados.

Não podemos também nos esquecer do mandamento de Jesus, que se autodenominou o Pão da Vida, o alimento verdadeiro.  Jesus se pão para nós na última ceia, e, ao nos alimentarmos desse pão em todas as celebrações eucarísticas, nos alimentamos do próprio Jesus.

Um outro fato, esse mais recente, aconteceu na França. A piedosa senhora Luisa Bouffier, uma obscura dona de uma mercearia da cidade de Toulon, dirigia-se, um dia, para o pequeno armazém onde guardava os gêneros de seu modesto comércio; mas por mais diligências que empregasse, não lhe foi possível abrir a porta. Mandou chamar um serralheiro, o qual, durante mais de uma hora, se empenhou no mesmo sentido, mas sem resultado algum. Evidentemente, tornava-se necessário forçar a porta, arrombando a fechadura, e o oficial foi à oficina buscar os instrumentos necessários para esse fim.


Entretanto, a senhora Bouffier, na sua fé de verdadeira crente, promete a Santo Antônio que, se a porta ceder sem ser preciso arrombá-la, dará aos pobres alguns quilos de pão, em honra ao Santo. Volta o oficial; e, antes de proceder ao arrombamento, experimenta, ainda uma última vez, dando volta à chave. E a porta cedeu com a máxima facilidade.

Daí em diante a senhora Bouffier recorre a Santo Antônio em todas as dificuldades da vida. O exemplo é seguido por muitas outras pessoas; multiplicam-se as petições ao Santo, acorrem a dar-lhe graças numerosos devotos beneficiados com os seus favores, recolhem-se esmolas avultadas, que se empregam em matar a fome a um grande número de pobrezinhos. A modesta loja da senhora Bouffier toma o aspecto do mais devoto e frequentado oratório; e a pequena imagem do grande santo português é ali diariamente visitada por inúmeras pessoas, que vão depositar aos pés do Santo o óbolo da sua gratidão, que, se muitas vezes é uma moeda, só valorizado pela fé da pobre viúva do Evangelho, não raro atinge também as proporções da grande esmola do rico negociante, ou do capitalista milionário.

Foi assim que teve origem a "Obra do Pão dos Pobres de Santo Antônio." Primeiro Toulon, em seguida, outras das principais cidades da França, Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Bélgica, de toda a Europa; mais tarde a América, a Ásia e a África.

Na paróquia Santo Antônio, em Campanha, sé diocesana, essa tradição se mantém viva ao longo dos anos graças ao apoio de todas as padarias da cidade, que fazem questão de doar os pães que serão ofertados aos fieis. Cada fiel recebe um saquinho com dois pães. E o excedente é sempre doado para alguma instituição beneficente da cidade. O intuito é que o fiel ao receber dois pães, consuma um, fazendo uma oração, fazendo seus pedidos e pedindo pelo próximo; e, coloque o outro pão, no vasilhame do mantimento, geralmente arroz ou feijão.

E é bom lembrar que o pão de Santo Antônio é um alimento abençoado. Ao realizar a troca anual do pão que está no vasilhame, este não seja descartado e sim enterrado.



Texto: Flávio Maia - Pascom/Campanha