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quarta-feira, 17 de abril de 2019

Segunda-feira Santa: Sermão do Depósito do Senhor



Segunda-feira Santa: fiéis de Campanha/MG meditam a prisão de Jesus





Na paróquia Santo Antônio, sé diocesana de Campanha, já é uma antiga tradição a meditação do Depósito do Senhor. Em outras cidades também, a segunda-feira é chamada de Prisão do Senhor. As procissões que acontecem de segunda a quarta-feira remontam antiquíssima tradição do Brasil Colônia, sobretudo nas cidades história de Minas Gerais. São ritos que não são prescritos pela Igreja, mas que foram incorporados na tradição religiosa de nosso povo.


 




Às 19h30min foi celebrada a missa paroquial com o andor que acompanha a procissão. A celebração foi presidida pelo vigário paroquial e magnífico reitor do Seminário Propedêutico São Pio X, Pe. Wendel de Oliveira Rezende, que foi o pregador da noite. A parte musical ficou a cargo da musicista Marta Carneiro e seu grupo vocal.
           

Após a missa, teve início a Procissão do Depósito, saindo da Catedral com destino à Igreja N. Sra. das Dores. Lá chegando, Pe. Wendel meditou, no adro da igreja, a prisão do Senhor.

Para esta celebração, o Coral Campanhense executa duas canções: O Miserere e o "Pater Mi"


 

 

 



Pater mi, si possibile est, transeat a me calix: veruntamem non sicut ego volo, sed sicut tu.

Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice;
 contudo, não se faça como eu quero, mas como tu queres.



Miserere mei Deus secundum magnam misericordia tuam

Tem misericórdia de mim segundo a tua grande compaixão



Você pode ouvir o sermão, acessando o vídeo abaixo (ou pelo link https://www.youtube.com/watch?v=trz7zGj2pvk)





Transcrevemos logo abaixo, a íntegra do Sermão do Depósito, proferido por Pe. Wendel de Oliveira Rezende.

- “Jesus, Jesus de Nazaré, o teu semblante eu quero ter! Tal qual és Tu, eu quero ser, Jesus, Jesus de Nazaré...”

“No ano dezenove de Tibério César, Imperador Romano de todo o mundo, monarca invencível na Olimpíada cento e vinte; sob o regimento e governador da cidade de Jerusalém, Presidente Gratíssimo, Pôncio Pilatos; Regente na baixa Galiléia, Herodes Antipas; Pontífice sumo sacerdote, Caifás; magnos do Templo, Alis Almael, Robas Acasel, Franchino Centauro; Cônsules romanos da cidade de Jerusalém, Quinto Cornélio Sublime e Sixto Rusto; no mês de março e dia XXV do ano presente, EU, Pôncio Pilatos, aqui presidente do Império Romano, dentro do palácio e arqui-residente, julgo, condeno e sentencio à morte Jesus, chamado pela plebe Cristo Nazareno, e Galileu de nação, homem sedicioso, contra a Lei Mosaica, contrário ao grande Imperador Tibério César. Determino e ordeno por esta, que se lhe dê morte na cruz, sendo pregado com cravos como todos os réus, porque congregando e ajuntando homens, ricos e pobres, não tem cessado de promover tumultos por toda a Galiléia, dizendo-se filho de Deus e Rei de Israel, ameaçando com a ruína de Jerusalém e do Sacro Templo, negando os tributos a César, tendo ainda o atrevimento de entrar com ramos e em triunfo, com grande parte da plebe, dentro da cidade de Jerusalém. Que seja ligado e açoitado e que seja vestido de púrpura e coroado de alguns espinhos, com a própria cruz nos ombros, para que sirva de exemplo a todos os malfeitores, e que, juntamente com ele, sejam conduzidos dois ladrões homicidas; saindo logo pela porta sagrada, hoje Antoniana, e que se conduza Jesus ao Monte Público da Justiça chamado de Calvário, onde, crucificado e morto, ficará seu corpo na cruz, como espetáculo para todos os malfeitores e que sobre a cruz se ponha, em diversas línguas, este título: IESUS NAZARENUS, REX IUDEÓRUM. Mando, também, que nenhuma pessoa de qualquer estado ou condição se atreva, temerariamente, a impedir a justiça por mim mandada, administrada e executada com todo rigor, segundo os decretos e Leis Romanas, sob pena de rebelião contra o Imperador Romano. Eu, Pôncio Pilatos, Prefeito da Província Romana da Judéia.”

Estimados irmãos e irmãs, eis a sentença condenatória dada por Pôncio Pilatos a Nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus está condenado a morrer na cruz. Não há nada mais que nós possamos fazer.
Contudo, é importante para nós retornar ao momento de sua prisão para podermos compreender os motivos de tamanha injustiça:
Passos apressados, rostos contraídos, uma preocupação intensa permeava uma escolta de soldados que caminhava na noite densa.
Tinham ordens expressas para prender um homem. Este, por sua vez, não usava armas nem pressionava as pessoas para que o seguissem, mas encantava toda uma nação, abalava as convicções de seus líderes, destruía os preconceitos sociais, propunha princípios de vida e discursava sobre as relações humanas de modo nunca visto: este homem é Jesus, o Nazareno, chamado pelo povo de “o Cristo”!

O lugar onde a prisão injusta aconteceu é Jerusalém, uma das maiores e mais importantes cidades do mundo antigo. Jerusalém era o berço de uma cultura milenar. Seus habitantes viviam das glórias de um passado que não voltava mais. Agora, porém, estavam sob o jugo do Império Romano, e nada os animava.
Entretanto, apareceu ali alguém que mudou a rotina da cidade. Só se falava a respeito de um homem que realizava feitos inimagináveis e possuía uma eloquência espantosa. Um homem que se esforçava em vão para não ser assediado, pois quando abria a boca incendiava os corações. As pessoas se acotovelavam para ouvi-lo.
O carpinteiro de Nazaré sabia muito bem entalhar a madeira com as mãos; com as palavras, entalhava a emoção humana e o coração das pessoas. Todos se perguntavam: como podia alguém de mãos tão ásperas ser tão hábil em penetrar os segredos do coração dos homens?
Mas, por outro lado, sua doçura e sua afabilidade não sensibilizavam os líderes da sua sociedade, que tentaram várias vezes, e em vão, assassiná-lo por apedrejamento. Procuraram fazê-lo cair em contradição, tropeçar nas próprias palavras, mas sua inteligência deixava-os atônitos, perplexos, cheios de cólera.
E sua fama aumentava a cada dia. Milhares de pessoas aprendiam a colocar em prática a sua cartilha do amor, o seu Evangelho, a sua proposta de vida eterna. Estava ficando cada vez mais difícil encontrar um motivo para prendê-lo. Entretanto, um fato novo deu alento aos seus inimigos: um de seus seguidores resolveu traí-lo.
O amanhã é um dia incerto para todos os mortais. Jesus, para espanto de seus discípulos, afirmava que sabia tudo o que lhe aconteceria. Que homem é esse capaz de penetrar no túnel do tempo e de antecipar os fatos? Ele sabia que ia ser traído.



Então resolveu facilitar sua prisão, pois tinha forte convicção de que havia chegado o momento de passar pelo mais dramático caos que um ser humano pode enfrentar. Todos fogem do cárcere: Ele o procurou.
Afastando-se da multidão, o homem de Nazaré foi com seus discípulos para um jardim nas cercanias de Jerusalém. Era uma noite fria e densa. Nesse jardim, Jesus voltou o rosto para os pés e, gemendo de dor, orou profundamente ao Pai. Preparou-se para suportar o insuportável. Sabia que ia ser mutilado por seus inimigos e aguardou a escolta de soldados.
Jesus era um homem corajoso! Conseguia falar o que pensava mesmo quando colocava sua vida em risco. Dizia que os fariseus limpavam o exterior do corpo, mas não se importavam com o seu conteúdo.


 

Jesus era delicado com todas as pessoas, inclusive com seus opositores, mas em algumas ocasiões criticou com contundência a hipocrisia humana. Disse que os mestres da lei judaica seriam drasticamente julgados, pois atavam pesados fardos para as pessoas carregarem, enquanto não se dispunham a movê-los sequer com o dedo (cf. Mt 23, 4).
E quantas vezes não somos rígidos como os fariseus, exigindo das pessoas o que elas não conseguem suportar e nós mesmos não conseguimos realizar?
Exigimos calma dos outros, mas somos impacientes, irritadiços, agressivos e grosseiros. Pedimos tolerância, mas somos implacáveis, excessivamente críticos e incapazes de escutar, não aceitando a opinião dos outros sobre qualquer assunto.
Queremos que todos sejam estritamente verdadeiros, mas simulamos comportamentos, disfarçamos nossos sentimentos, fingimos emoções, falamos mal dos outros até por mensagens virtuais, sem coragem de ser verdadeiros pessoalmente.

Desejamos que os outros valorizem o interior, mas somos consumidos pelas aparências externas. Temos de reconhecer que, às vezes, damos excessiva atenção ao que falam e pensam de nós, mas não nos preocupamos com aquilo que corrói nossa alma.
Podemos não prejudicar os outros com nosso farisaísmo, mas nos autodestruímos quando não intervimos em nosso mundo interno, quando não somos capazes de fazer uma faxina em sentimentos negativos como a inveja, o ciúme, o ódio, o orgulho, a arrogância, a auto-piedade, a mágoa, o ressentimento.




E o resultado de tudo isso? Relacionamentos cada mais frágeis, mais superficiais, e menos verdadeiros e duradouros. Jesus, ao contrário de nós, se preocupava com todos os que sofriam.
Gastava tempo procurando aliviar as dores dessas pessoas e resgatar sua dignidade, estimulando-os a não desistir da vida, não apenas da vida terrena, mas principalmente da vida eterna. Desejava ardentemente que ninguém se sentisse inferior diante do desprezo dos outros e das dificuldades sociais.
E nós, meus irmãos e irmãs? Somos capazes de ter essa mesma postura de Jesus no mundo de hoje? Quanto ainda precisamos melhorar para atingir essa meta?
A emoção de Jesus era imensurável, não podia ser medida, ao passo que a dos fariseus era muito estreita. Jesus era o homem do infinito, os seus acusadores eram pessoas obtusas, de mente pequena e coração de pedra.
Se alguém almejasse ser discípulo de N. Sr., tinha de alargar os horizontes do seu pequeno mundo e incluir aí Deus e as pessoas. Tinha de se deixar invadir por um amor que o impelisse a cuidar dos outros.
Com isso, nós compreendemos por que Jesus incomodou tanta gente, e incomodou demais: abalou os alicerces de uma sociedade inteira, seus preconceitos e suas crenças obsoletas.
Aí está a causa de sua condenação: mostrar o amor de Deus em gestos concretos e falar a verdade!
Deus não enviou o seu Filho ao mundo para ser morto. Se assim Ele o fizesse, seria o Deus da morte, e não o Deus da vida.
Deus enviou Jesus para “anunciar a boa-notícia aos pobres, para curar as feridas da alma, para levar a liberdade aos prisioneiros [do pecado] e para proclamar o ano da graça” (Is 61,1-2a): como já havia profetizado Isaías, no Antigo Testamento.
Anunciando fervorosamente o amor de Deus por meio de palavras e tornando-o concreto em seus gestos salvíficos, Jesus encontrou a morte na Cruz como consequência de suas escolhas.
Mas o Pai é bondoso: nós prendemos Jesus e o condenamos à morte. E graças à infinita bondade de Deus, Ele nos concede também a graça da Sua Ressurreição. A Ressurreição nos veio único e exclusivamente por bondade de Deus, e não por mérito nosso.
Meus irmãos e irmãs, Jesus está preso, condenado a morrer na Cruz, destino dos piores malfeitores de sua época. Seu comportamento não agradou àqueles que tinham sede de poder e cultuavam o individualismo.
E é bom recordar que a postura de Jesus chegou a incomodar até alguns de seus discípulos, como Judas Iscariotes, que esperava um Messias capaz de recuperar a glória do reinado de Davi, o grande rei de Israel; um Messias que fosse entrar em Jerusalém com um exército poderoso e acabar com a dominação imunda do Império Romano.




Diante da humildade de Jesus, Judas passou a odiá-lo, e o traiu por 30 moedas de prata. As maiores traições acontecem justamente por pessoas próximas: irmãos, amigos, maridos e esposas. Donde menos se espera vem a decepção, a “apunhalada” nas costas.
Alguns discípulos pediam que Jesus não se ocultasse, que se manifestasse claramente ao mundo. Gostariam de ver a cúpula judaica e as autoridades romanas se dobrarem diante dele. Desejavam ver o seu mestre no mais alto patamar, acima de todos os homens, para que, quando ele estivesse lá, eles pudessem desfrutar sua posição.
Eles queriam, na verdade, apenas trocar de lugar: passar de “oprimidos” para “opressores”. Entretanto, o mestre os chocava com seu comportamento: rejeitava qualquer tendência a confundir o Seu Reino de serviço com os impérios corrompidos do mundo.
De fato, no Reino de Deus não existem opressores e oprimidos, não existe essa dualidade maléfica que tanto contamina as relações entre as pessoas. Esta é fruto da limitada compreensão humana, não é da vontade de Deus.
Apesar de ser o maior, o Filho de Deus, Jesus aceitou ter o mais baixo status social. Embora fosse o mais livre dos seres humanos, almejava ser o servidor humilde da humanidade. Os discípulos não compreendiam como alguém tão grande se podia fazer tão pequeno.
Uma única vez Jesus aceitou estar acima dos seres humanos! Foi quando, pendurado na Cruz, Ele se tornou um espetáculo de vergonha e dor. A pessoa que poderia ter o mundo a seus pés preferiu prostrar-se aos pés do mundo.
E assim como Pôncio Pilatos afirmou que sua condenação deveria servir de exemplo a todos os malfeitores, que sua vida, sua humanidade, sua bondade e sua doação sirvam de exemplo para nós que buscamos ser seus discípulos no mundo de hoje.



Meus irmãos e irmãs, Jesus está preso, carregando sobre os seus ombros os crimes dos seres humanos de todas as épocas e lugares, inclusive os nossos. Que nós sejamos, pois, capazes de nos libertar de todo mal e de todo pecado que nos prendem ao mundo e nos afastam de Deus.
Sigamos os passos de Jesus e de sua Mãe Bendita, a Virgem Maria, Senhora das Dores, até o domingo glorioso de sua Ressurreição!
Olhando para a imagem de N. Sr., peçamos-lhe a graça de ter um coração manso e humilde, semelhante ao dele!

- “Jesus, Jesus de Nazaré, o teu semblante eu quero ter! Tal qual és Tu, eu quero ser, Jesus, Jesus de Nazaré...”

- NÓS VOS ADORAMOS SENHOR JESUS CRISTO E VOS BENDIZEMOS!
- LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO!


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